10 meses em muitas linhas.
Parei de escrever no blog no começo de agosto de 2011, depois de ter recebido meu negativo para uma FIV que tinha feito em julho e a última coisa que eu queria naquele momento era falar ou ouvir sobre bebês, gravidez e tentantes. Eu precisei me dar um tempo e na verdade, pesar tudo, rever sonhos e descobrir o que eu queria para a minha vida e o que eu achava (viajava na batatinha) que era importante.
Então me olhei no espelho e odiei o que vi ou melhor do que não vi (aquilo não era eu, certeza). Estava ali uma mulher mal cuidada, gorda, amarga, que tinha colocado todas as fichas numa vontade insana de engravidar que eu nunca tive a certeza que era isso mesmo que eu queria e que nos últimos 3 anos só me focava e planejava em cima de uma realidade inexistente do “se”.
Quem me conhece há tempos, sabe que filhos foi algo que nunca esteve antes em meus planos, mudei de idéia ao 30 (até hoje me pergunto “por que, Keyla?”). Gosto de crianças (tá, gosto de algumas crianças), mas gosto de crianças dos outros, que chegam e vão embora. Amo dormir, adoro minha casa arrumada e confesso que minha paciência para choro é quase nula. Então porque eu tinha entrado nessa onda louca de “preciso porque preciso” ter um filho?
Resolvi cuidar de mim, comecei procurando um personal trainer e uma nutricionista. Estava com 82kg e qualquer coisa que eu quisesse, seria bom primeiro emagrecer. Academia me fez bem, aprender a comer também e emagrecer foi melhor ainda.
Aos poucos fui perdendo peso e no mesmo ritmo em que eu emagrecia, eu me reencontrava. Comecei a gostar do que via, comecei a caber nas roupas e logo em seguida comecei a perder as roupas que, se antes não me cabiam porque estavam apertadas, passaram a não caber porque estavam largas. Junto com os quilos a menos, começaram novas vontades, novos sonhos e então surgiu um livro, por sinal emprestado pela Van e o título era uma simples pergunta: Quero mesmo ser mãe? e para minha surpresa a resposta foi não. Eu NÃO quero MESMO ser mãe.
Quando eu pensava em filhos, pensava no quartinho, nas roupinhas, em todas as coisas fofas e novidades do mercado (acho que eu seria uma super personal baby), mas não pensava em berço vazio e lençol sujo; tão pouco em bebê no colo o dia todo; em brinquedos espalhados e jogados pela casa ou roupinhas sujas precisando ser lavadas, passadas e sujadas, num ciclo sem fim. Tão pouco imaginava que o tipo de relacionamento com maridinho iria sofrer uma metamorfose. E olha que como diz uma amiga, essa parte é o nível 1, a tendência é ficar cada vez mais complexo
Então tudo ficou mais fácil… Muito mais fácil! Conversei com o Wagner (my love) e descobri que ele queria um filho muito mais por mim que por ele (o que foi um alívio) e de lá pra cá, as coisas foram acontecendo num ritmo natural, leve e simples.
Estou com 64kg (18 kg a menos), comprei duas calças 40 (foi um tuuuudo entrar na hering e me jogar num quarentinha), pretendo emagrecer mais 5kg até outubro. Comecei a fazer aulas de inglês (estou adorando). Trocamos de carro. Estamos planejando uma viagem bem legalzinha. Cortei o cabelo (e não foram só dois dedinhos não, taquei a tesoura e deixei até franja). Comprei maquiagens e estou usando (isso sim é algo inédito em minha vida). Virei uma devoradora de livros e “A guerra dos tronos” é o meu queridinho da vez. Aprendi algumas receitinhas novas. Conheci lugares que valeram a pena e outros que nunca mais quero ir. Ganhei novos amigos (e claro que mantive os antigos).
Enfim, quando tudo entrou no lugar, quando segui o que eu realmente queria (acho que eu sempre soube, só me sentia egoista demais para falar) e não o que a sociedade incute, consegui ficar leve, aproveitar melhor meu tempo, voltei a gostar de mim.
Nesses últimos 10 meses eu me reencontrei, amadureci e me apaixonei um milhão de vezes pelo meu marido, que nessa loucura toda, esteve ao meu lado em todos os momentos e me amou até quando eu não me amava mais. Nós dois, mais do que me basta e na verdade, é tudo que eu quero e que me importa. Na minha conta, 1 é pouco, 2 é perfeito e 3, com certeza, seria demais. (Ok, sou egoista. #prontofalei).
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