Mel, Melzinha…

Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” Antoine de Saint Exupery

Esse mês vai fazer 05 anos que minha pequena ficou paralítica (o tempo passa rápido demais) e para mim, é uma grande alegria comemorar esta data. Pode parecer estranho, mas no final deste post, vocês vão entender meus motivos (e um pouquinho de como eu vejo a vida).

Quando ela teve a lesão medular, fazer a cirurgia era a única chance que ela tinha e devido as debilitações causadas pela dor, desidratação e erro veterinário anterior, as chances dela sobreviver eram de 30%, com pouquíssimas chances de recuperar os movimentos e sensibilidade da parte traseira.

O veterinário que encontramos foi muito sincero tanto em relação aos riscos dela não sair com vida da cirurgia, como também das dificuldades que teríamos pela frente e nos deu a opção de não fazer nada e deixá-la ir naquele momento ou arriscar, sem garantias nenhuma de que ela ficaria bem, muito menos que ela voltaria a andar. Para melhorar, a perspectiva se a cirurgia desse certo, mas ela não voltasse a andar, é de que ela teria entre dois e três anos de vida a partir daquela data, devido a problemas renais e de lesões de pele que cães paralíticos tendem a ter (hoje sei, que com devidos cuidados, esses problemas não existem).

Optamos pela cirurgia e depois, demos continuidade por um ano nos tratamentos complementares que incluíam fitoterápicos diários,  fisioterapia e acupuntura semanais e ela sem poder ficar sem acompanhamento humano de modo algum nesse período, com o risco de existir alguma formigamento e ela se mutilar com os dentes. Foi um ano complicado, difícil e de total doação e dedicação.

Foi um período de adaptação, tanto para ela quanto para nós… Descobri que fralda usar para não causar lesões, o melhor modo de trocar para esvaziar bem a bexiga na hora do xixi, curativos que grudavam no pêlo, pomadas que cicatrizavam mais rápido e ela aprendeu a se virar com duas patas, dar ré, pular, correr e a gente foi assim, dia-a-dia, criando novas rotinas e aprendendo como conviver nessa nova condição.

Para mim e para ela, com certeza, tudo que passamos valeu a pena. Mesmo com as limitações, que hoje são bem menores, mas que não deixaram de existir para nós, eu faria tudo novamente. Porém, essa é nossa realidade e o que serve para mim, não serve para todo mundo. Felizmente, tenho todo o apoio do meu marido, tanto emocional quanto financeiro, para as escolhas realizadas, além do que, ele é tão ou mais apaixonado pela pequena quanto eu.

Infelizmente, a estrutura de serviços oferecidos para cães com deficiência ainda é muito restrita e quando encontrada, o valor é bem mais alto que o convencional devido as necessidades de cuidados mais específicos, mas o mercado já está começando a melhorar e hoje, com o serviço da pet sitter para quando preciso, tenho a disponibilidade de viajar, desde que eu me programe antecipadamente e ela tenha agenda disponível para a data. Tipo uma viagem de festas de final de ano, é algo impensável por aqui, mas no geral, com os devidos cuidados, as restrições não são muito diferentes de quem tem um cachorrinho que anda normalmente, muito pelo contrário.

Na verdade, para mim o que realmente importa, é que enquanto escrevo este post, ela está tirando uma sonequinha bem ao meu lado e ter ela aqui comigo, considerando todas as possibilidades é no mínimo, um bônus de 05 anos se tivesse optado por não fazer a cirurgia ou um bônus de 2 à 3 anos se levasse em conta as perspectivas pós cirurgia.

Aprendi com a Mel a olhar para a vida de um modo mais prático, realista e ao mesmo tempo, me tornei mais agradecida pelo que tenho. Hoje separo os problemas de duas maneiras, os que tem solução e me dedico a resolve-los e os que simplesmente não tem e tenho que aceitá-los e fazer o possível para me adaptar e ser feliz.

Ela sempre foi uma pequena feliz, mimada, amada, paparicada e acho que não fiz mais do que minha obrigação com ela, pois isso era o mínimo que poderia oferecer quando decidi trazer um focinho para minha vida e também quando optei pela cirurgia, sabendo das consequências. Tê-la foi uma opção e decisão minha e não dela… Cuidar dela nada mais é do que a consequência de uma decisão que tomei lá atrás, quando me achei responsável o suficiente para ter uma peludinha e ser responsável por uma vida.

Simples assim…

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